Olá, este texto é para você que tem um filho com diabetes ou é cuidador de uma criança com diabetes.
Recebemos um lindo relato de uma mãe que cuida da sua filha usando o Glic e que pediu que compartilhássemos com todos vocês.
Relato
“Receber o diagnóstico de que seu filho/filha com diabetes pode ser muito assustador. Pensamos: “E agora? Foi algo que eu fiz? Algo que não fiz? Sou culpado? O que poderia ter feito de diferente?
Não existem culpados.
Se eu pudesse dizer algo para quem está passando por este momento seria: “Não é culpa de ninguém”. Mas antes de chegar à essa conclusão eu tive muita raiva de tudo aquilo estar acontecendo com ela. As pessoas me diziam que ela morreria mais cedo, mas que poderia fazer algumas coisas na vida. Entre a minha família e a do meu marido as pessoas se perguntavam “de que lado ela teria herdado isso”, um lado culpava o outro. E eu não sabia muito como lidar com tudo isso.
Eu só queria que a minha filha tivesse saúde e fosse feliz, como qualquer criança na idade dela. Eu morri de medo, no início. E um pouco desse medo eu deixei transbordar para ela. Exigindo um controle perfeito, exames perfeitos, comportamento perfeito, tinha que fazer “tudo direitinho”.
Diálogo, sem ser pela via do medo ou da ameaça, é o melhor caminho.
Só hoje percebo o quanto isso pode ter deixado ela triste e impedido que ela conversasse comigo sobre as dificuldades que ela sentia, os medos que ela tinha, como que tudo aquilo se acomodava na vida dela. Ela tinha uma força e uma coragem para passar por tudo isso com uma naturalidade que também me dava forças. Ela é o anjo mais lindo que eu tive a sorte de receber na minha família.
Levei algum tempo para entender que eu precisava de ajuda profissional para lidar com o diabetes da minha filha. Eu senti culpa pelo diagnóstico por anos e de alguma forma sentia raiva de toda aquela situação estar se passando com ela. Sem perceber eu deixava de acolher também os sentimentos da minha filha.
Começei a estudar muito sobre o assunto, encontrei outros pais através da internet, marcamos encontros para nos conhecermos e percebi que as outras mães passavam por situações muito parecidas com as minhas. Inclusive foi quando conheci o Gliconline. Entendi que temos que aprender sempre, ler muito e recebermos apoio de amigos e profissionais.
Por não conseguir lidar muito bem com os meus próprios sentimentos e ajudar ela com os dela, alguns colegas na escola faziam brincadeiras com ela que ela não gostava, os médicos falavam coisas que deixavam ela com medo e a tristeza dela começou a se expressar em outras formas: no descontrole do diabetes e na diabulimia.
Meu coração aperta só de pensar em tudo isso. Hoje 4 anos após o diagnóstico, nós duas procuramos ajuda psicológica e aprendemos a nos respeitarmos mais e cada um consegue ouvir o outro respeitando os seus sentimentos. Considero que minha filha leva uma vida normal como qualquer outra criança da idade dela e nos cuidamos com muito amor.
Gostaria de dizer que se você está passando por alguma dificuldade, procure ajuda. Pois é possível viver feliz, bem, desejando, sonhando e realizando o que se quiser, com os cuidados necessários.”
Agradecimento
Agradecemos o relato tão importante da nossa usuária e esperamos que ele sirva de inspiração para outras pessoas. Juntos somos mais fortes e vamos mais longe.
Vamos juntos?