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Meu filho tem diabetes, e agora?

De repente, sem pedir licença, uma notícia chega e muda toda a história familiar: meu filho tem diabetes. Nesse momento, milhares de dúvidas começam a surgir: será que meu filho vai crescer de forma saudável? Será que vai ter complicações? Será que seremos capazes de cuidar dele da melhor forma?

O começo de diagnóstico não é fácil e é natural que seja confuso. São muitas informações, que pais e filhos vão aprender, juntos, e isso leva tempo. “O momento é muito delicado. Existem fases de negação, revolta, até chegar na aceitação do diagnóstico, que faz parte nesse momento”, conta a endocrinologista Vanessa Montanari, que também é mãe de um menino que tem diabetes tipo 1. 

Apesar de não ter cura, a boa notícia é que é possível conviver com o diabetes e a criança poderá crescer e se desenvolver bem. “Nessa hora, tentar manter a calma, e contar com o auxílio de profissionais especializados em diabetes é muito importante”, alerta Vanessa.

 

Pais não devem se sentir culpados

Alguns pais podem se sentir culpados por conta do diagnóstico, achando que causaram, de uma forma ou de outra, a condição. Contudo, o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, que tem origem genética e também ambiental. Ou seja, até o momento não se tem como prevenir a condição.

Uma vez diagnosticada, o diabetes é para a vida toda e exige uma série de cuidados que devem ser incorporados à rotina da criança e da família. Contagem de carboidratos, doses de insulina, o que fazer em situações de hipoglicemia e exames de rotina são alguns dos tópicos que os pais devem aprender para proporcionar qualidade de vida aos filhos. 

Mas acima de tudo, o que a criança mais precisará ao longo da sua jornada é o apoio familiar. “O diabetes nas crianças precisa de uma família em sintonia, que tenha interesse em aprender e cuidar, para que ela cresça com leveza e tranquilidade”, explica a endocrinologista.

 

Tecnologia traz conforto e mais qualidade de vida

De seringas de vidro e tirinhas que mediam o açúcar na urina, o tratamento do diabetes vem evoluindo muito nos últimos anos. “Temos sensores que fazem medições contínuas de glicose, sem precisar do sangue, e temos dispositivos (bombas de insulina) que entregam o hormônio de forma adequada sem muitas picadas ao dia”, conta Vanessa. “Portanto, o conforto e qualidade de vida melhorou muito com a tecnologia.”

A endocrinologista também destaca que as próprias insulinas evoluíram muito, saindo da origem animal, que favorecia alergias, para outras mais modernas como a de origem humana e as análogas. E isso ajuda não só a vida da criança, como a dos pais que podem gerenciar de mais perto o tratamento do filho, trazendo mais tranquilidade para a família. 

 

“Meu maior medo era identificar se meu filho estava com hipo”

Carolina Garcia, de 40 anos, convive com diabetes tipo 1 desde bebê, e ter o diagnóstico a ajudou a identificar os sintomas no seu filho Nicolas. “Teve um domingo que ele estava bem abatido, dormindo muito. Resolvi fazer uma checagem da glicemia dele e estava acima de 300”, relembra. 

Após alguns exames, o diagnóstico de diabetes tipo 1 foi confirmado no Nicolas. Por um lado, ela ficou tranquila, pois sabia que ele poderia crescer de forma saudável e realizar todos os seus sonhos, como ela mesma pode em sua trajetória, mas por outro lado, ela como mãe, sofria das mesmas dificuldades e dúvidas que os outros pais. “Meu maior medo era identificar no meu filho de apenas 9 meses que ainda não falava quando ele estava com a glicose baixa ou alta”, conta. 

Com o apoio da tecnologia, Nicolas, que hoje tem 3 anos, já iniciou o tratamento com uso de bomba de insulina e sensor de glicose, que trazem mais conforto e tranquilidade para os dois. “É o sensor que me avisa de tudo, quando ele está com hipoglicemia ou hiperglicemia. Além disso, a bomba para de aplicar insulina se ela prevê que a glicose vai ficar baixa. E se ele tem uma glicemia acima de 180 ela também apita para me avisar que está alta”, explica Carolina. 

Os grupos de apoio para pais e mães de filhos que têm diabetes ajudaram bastante Carolina a lidar melhor com a situação. Nestes espaços de troca, além da possibilidade de compartilhar conquistas e desafios, há profissionais de saúde que auxiliam na aprendizagem sobre a condição. “Pais e mães: procurem rede de apoio, existem vários grupos nas redes sociais para conversar com outros pais. Além disso, procure um médico que você confie e busque conhecimento sobre a condição. No começo é difícil, mas depois vamos tirando de letra.”

 

Diabetes na Glic

Aqui, no Time da Glic, temos diversas pessoas que convivem com diabetes tipo 1 desde a infância ou adolescência. Convidamos duas de nossas colaboradoras e suas mães para contarem um pouco como foi o início do diagnóstico e como, juntas, conseguiram aprender sobre o diabetes. 

 

Claudia Labate, CEO da Glic 

Tem diabetes tipo 1 desde os 10 anos 

Me lembro das pessoas ao redor sentirem pena, elas diziam ‘nossa ainda bem que eu não tenho diabetes’, mas a minha mãe sempre incentivou muito o meu enfrentamento, evitando que me colocasse no lugar de coitada”, relembra Claudia, que é psicanalista além de CEO da Glic. 

Sua mãe, Maria do Carmo, passou muitas noites mal dormidas e teve de lidar com os medos e angústias comuns entre os pais e mães. “No primeiro momento o susto, a culpa, o sentimento de impotência e, ao mesmo tempo, o instinto de proteção tomou conta de mim, mas depois vem a necessidade de reagir e enfrentar o que está por vir e é isso que nos fortalece.”

Caca (como prefere ser chamada)  conta que apesar dos inúmeros cuidados e preocupações que o diabetes traz, no fim, a jornada não é tão diferente do que as outras mães que possuem filhos sem diabetes. “No decorrer dessa estrada vamos ter que superar muitas lutas tanto físicas como psicológicas, mas que ao meu ver não é diferente de qualquer mãe que tenha o desafio de cuidar bem de seus filhos, quer tenham eles diabetes ou não.”

 

Marina Bonafé, gerente de produto da Glic

Tem diabetes tipo 1 desde os 14 anos 

Já Marina recebeu o diagnóstico um pouco mais tarde que Claudia, numa fase cheia de dúvidas e mudanças que é a adolescência. “Eu tive o diagnóstico aos 14 anos de idade, e lembro que foi um choque pra todos da família. O mais difícil na época foi voltar para a escola com o diagnóstico, como contar para vários pré-adolescentes o que eu estava passando”, conta. 

Na época do diagnóstico ela morava com o pai, e acredita que uma das viradas de chave em sua jornada de vida foi o reencontro com a mãe já adulta. “Tive medo de perdê-la, de não conseguir ajudar. Foi uma fase traumática. Todo conhecimento e aprendizado foi dela, ela me ensinou e me ajudou a cuidar dela. Sempre procuramos levá-la em bons profissionais, mas, juntas, fomos aprendendo”, conta Sandra, mãe de Marina.

Ter um relacionamento próximo e de troca ajuda a lidar com o diabetes. “Ter pessoas ao meu redor que me apoiam e trazem leveza, com bom humor e dedicação em me ajudar a ter uma vida normal com a condição trazem mais paz para o meu tratamento”, finaliza Marina. 

 

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