Diabético ou alguém que tem diabetes?

Por que evitamos a palavra diabético ou diabética? Esta questão ainda é muito controversa, nós sabemos disso. Mas acreditamos que podemos contribuir para essa discussão com a nossa visão, sem a intenção de encerrar qualquer debate.

Acreditamos que o debate de ideias é a melhor ferramenta que temos como sociedade para aprendermos mais. Topa ouvir o que temos a dizer?

Ser uma pessoa com diabetes ou uma pessoa diabética, eis a questão. Pensar sobre isso pode parecer besteira para você, mas para quem vive com a doença a diferença está entre ela SER a doença e ela TER  a doença.

Por que evitamos a palavra diabético? Porque linguagem importa, e muito!

Pensar sobre a linguagem que usamos é pensar com carinho em como aquela palavra pode ser algo que limite, mesmo que a pessoa não perceba conscientemente dessa forma.

Para aqueles que estudam educação em diabetes, ser rotulado como diabético pode ser doloroso, pois implica que eles não são nada mais do que uma doença. A pessoa passa a SER o/a diabético/a. E isso pode mover uma luta interna entre não querer ser essa pessoa e inclusive dificultar a aceitação do tratamento, pois pode criar uma negação, rejeição, vergonha e pior adesão ao tratamento, pois a pessoa só quer ser tratado como alguém “normal”, como os outros.

Não somos o diabetes, ter diabetes é uma parte da nossa vida. Muito importante. Mas não nos define. Assim como NÃO SOMOS a cor do nosso cabelo, a cor dos nossos olhos ou da nossa pele. Nós TEMOS olhos de uma determinada cor, assim como os cabelos e pele. Nós não somos estes atributos.

A parte pelo todo?

Portanto, preferimos nos referir à alguém como uma pessoa com diabetes, pois entendemos que é importante reconhecer que, embora eles possam ter diabetes, isso não é tudo que eles são. São apenas pessoas que por acaso tem diabetes.

Entendemos que nem todo mundo acha o termo diabético ofensivo, e isso pode ser muito particular. Mas entendemos que se usar a palavra diabético pode ser prejudicial para alguém, principalmente em termos de saúde mental, nós optamos por não utilizar. Entendemos que, mais do que nunca antes na história da humanidade, o quanto a linguagem importa na construção de uma sociedade.

Isso não quer dizer que ficaremos ofendidos se alguém nos chamar de diabéticos, mas sim que preferimos não nos chamar assim e não chamarmos aos outros dessa forma.

Quem cuida de quem tem diabetes.

E colocamos isto aqui para fazer pensar todos aqueles que tratam pessoas com diabetes. Alguns médicos que conhecemos nos dizem que é muito mais fácil estabelecer um relacionamento com o paciente, quando não está no vocabulário a palavra diabético, pois isso o coloca no mesmo “nível” do paciente, ao invés de apontar uma deficiência. Assim, sem julgamentos e rótulos, todos se tornam mais  como um time que juntos buscam o mesmo objetivo.

“Ao tocar uma alma humana, seja apenas uma alma humana”, é uma frase de Jung que gostamos. Sempre pergunte à pessoa como ela gostaria de ser chamada. Na dúvida, chame-a pelo nome. 🙂

Agora que você já sabe por que evitamos palavra diabético ou diabética, vamos juntos?

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