Uma das principais preocupações de alguém que vive com o diabetes é o monitoramento da glicemia, pois é por meio dessa verificação que é possível avaliar se as metas de açúcar no sangue estão sendo cumpridas. Apesar disso, a metodologia da avaliação glicêmica irá depender do tipo de diabetes que você possui. Vamos considerar, por exemplo, o exame de verificação da glicemia na ponta do dedo, ou seja, o autogerenciamento: você acha que quem possui diabetes tipo 2 (DM2) deve realizar a verificação todos os dias?  

Mas antes, você sabe qual o tipo de diabetes possui?

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Antes de explicar sobre a verificação do exame da ponta do dedo para as pessoas que possuem DM2, você sabe qual diabetes possui? Se você tem dúvidas sobre o seu diagnóstico de diabetes, saiba que o DM2, geralmente, está associado ao fator genético e aos hábitos de vida (sedentarismo, alimentação inadequada, dentre outros). Dessa maneira, o aumento da glicemia ocorre pela sobrecarga do corpo e a dificuldade de metabolizar a glicose ingerida.  

Nesses casos o organismo produz insulina, embora não tenha facilidade para reduzir a glicemia da dieta ingerida. Por isso, na maioria das vezes, a pessoa não faz uso de insulina e sim, de medicações orais e, geralmente, possui um diagnóstico com a idade mais avançada. Contudo, existem casos no DM2 que a utilização da insulina é indispensável, por isso, caso tenha dúvidas sobre o seu diagnóstico pergunte ao seu médico.  

As pessoas que possuem diabetes tipo 1 (DM1) são, geralmente, jovens, pois apresentam uma baixa produção de insulina no organismo desde a infância ou adolescência, sendo necessário a reposição do hormônio para gerenciar a taxa de glicemia no organismo. Se você possui DM1 deverá realizar o automonitoramento de maneira regular, pois há maior risco de apresentar hipoglicemia 一 glicose baixa no sangue.   

Existe uma frequência para realizar a ponta do dedo em quem tem DM2?

Não existe uma regra sobre a verificação da glicose na ponta do dedo para quem tem DM2 e não aplica insulina, por isso, a recomendação deve ser feita pelo seu médico, mas a automonitorização é importante. Esse recurso pode ser utilizado de maneira complementar à verificação da hemoglobina glicada (HbA1c)  em casos de alterações terapêuticas, em momentos de descompensação metabólica ou em épocas de instabilidade do controle glicêmico. O Ministério da Saúde (MS) recomenda que pessoas com DM2, que não fazem uso de insulina, realizem esse monitoramento das unidades de saúde.  

Já nos casos de pacientes com DM2 que fazem uso de insulina é mais comum a sua realização, pois é útil na tomada de decisão sobre a dose de insulina a ser administrada. Pessoas em tratamento intensivo, que realizam diversas aplicações de insulina ao dia ou sistema de infusão contínua, a automonitorização deve ser feita no mínimo quatro vezes ao dia, geralmente é recomendado antes e depois das refeições e ao deitar. Caso sejam realizadas menos aplicações de insulina podem ser feitas apenas duas a três verificações de glicemia diárias.   

Sistema FreeStyle Libre  

Outra maneira de realizar automonitorização da glicemia é por meio do sistema FreeStyle Libre®. Você conhece esse recurso? Trata-se de um sensor que faz escaneamento e leitura dos níveis de glicose para o leitor/App minuto a minuto. A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) emitiu uma nota técnica em agosto de 2022 referente a monitorização contínua da glicose por esse sistema. Segundo ela, a utilização desse recurso por pacientes, tanto com DM1, como DM2, resultou em: 

  • Diminuição da ocorrência e do tempo de hipoglicemia; 
  • Redução da hemoglobina glicada (HbA1c); 
  • Redução de ocorrências nas hospitalizações e internações por cetoacidose. 

Após essa nota técnica, a SBD recomendou o seu uso e disponibilidade por meio de políticas públicas, dando preferência aos pacientes com DM1 e DM2 一 tratados com insulina 一 que apresentam hipoglicemia grave ou noturna repetida; posteriormente, caso haja maior recurso disponível, à todos os pacientes com DM1; e, por fim, na disponibilidade de recursos, aos pacientes com DM2 que fazem uso de insulina. Além disso, muitos médicos orientam o uso do Libre antes das consultas para ver o manejo da glicemia.   

Referências Bibliográficas 

Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Nota Técnica Monitorização contínua da glicose com o sistema freestyle libre®. São Paulo, 2022. [citado em 08 de Mar 2023] Disponível em: https://profissional.diabetes.org.br/wp-content/uploads/2022/08/NOTA-TA_CNICA-MONITORIZAA_A_O-CONTA_NUA-DA-GLICOSE-COM-O-SISTEMA-FREESTYLE-LIBREA%C2%AE_v.2.pdf 

Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes 2022. [citado em 08 de Mar 2023]. Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/ 

Rio de Janeiro (RJ). Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Superintendência de Atenção Primária. Coleção Guia de Referência Rápida: Diabetes Mellitus. 1ª edição. SMS/RJ PCRJ: 2016. [citado em 02 de Mar 2023]. . Disponível em: https://subpav.org/SAP/protocolos/arquivos/GUIAS_REFERENCIA/guia_de_referencia_rapida_-_diabetes_mellitus.pdf 

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.