Mitos, fake news e estigma, quem tem diabetes sabe que existem muitas interpretações equivocadas sobre o assunto. Quem nunca ficou com raiva de ter que responder mil vezes a mesma pergunta? Ou ter que explicar inúmeras vezes o mesmo assunto?
Topa vir com a gente construir um caminho para nos ajudar a lidar com a raiva que esses momentos incitam na gente?
Você sente raiva ao ouvir que existe uma cura do diabetes “secreta”?
“Faz aquele chá!”, “É só não comer açúcar”, “Ninguém morre disso”, “Deve ser porque você não se cuida”, “Você está fazendo tempestade em copo d’água”?
Em algum momento nós já ouvimos (e em outros contextos, sejamos sinceros, nós também falamos) uma dessas frases ou algo muito parecido com isso quando alguém descobre que temos diabetes.
De alguma forma, existirão sempre mitos, fake news e estigmas em quase todos os assuntos da sociedade. Cabe a nós todos aprender a lidar com essas situações.
Mitos, fake news, estigmas em conselhos não solicitados
Faz parte dos relacionamentos humanos tentarmos ajudar uns aos outros. Quando ouvimos algo que nos faz sentir angustiados, tentamos encontrar dicas, conselhos para tentar tirar essa angústia e tentar ajudar o outro.
Quando alguém diz que está com dor de cabeça, o que nós fazemos? “Já tomou um remédio?”. “Você comeu?”, “Dormiu tarde?” e por ai vai. Saber que aquela pessoa sofre nos faz sentir responsáveis. Aliviar a dor de alguém, de alguma forma, é aliviar em nós a dor que a dor do outro causa na gente.
Nem sempre a melhor das intenções (sejam as nossas ações com o outro ou a do outro com a gente) ajudam. Então, quando as pessoas fazem comentários não solicitados, sabemos que isso diz muito mais de como elas precisam falar algo para aliviar a angústia que o assunto gerou dentro dela, do que necessariamente algo que ele significa.
Como conversar com estas pessoas num momento de raiva?
Podemos escolher o caminho do amor. Dizendo que agradecemos a preocupação, mas que esse assunto (que ela está tocando) é mais complexo do que parece. Que é muito bom poder contar com o carinho dela e que quando você quiser, você saber que poderá procurá-la.
Ninguém é perfeito.
As vezes não é simples nos relacionarmos com os outros (a vida é um eterno aprendizado entre nós mesmos e o mundo). Mas é essa complexidade que deixa a vida mais rica, quando aprendemos uns com os outros, respeitando as nossas diferenças.
Haverão momentos em que nós mesmos também cometeremos essas mesmas falhas, em outros contextos, com as mesmas ou outras pessoas. E tudo bem. Afinal, estamos todos aprendendo a viver melhor, todos juntos. Isso contribui para o nosso crescimento aprender a criticar argumentos e não pessoas. Não tornar a discussão pessoal.
Aceitar as diferenças (nossas maiores riquezas)
A gente se junta por afinidades, mas depois que nos juntamos, nossa maior riqueza são as nossas diferenças. É com elas que seguimos aprendendo uns com os outros. Podem existir diferentes pontos de vista e todos devem ser respeitados desde que não viole a dignidade de ninguém.
Aprendendo a lidar com a raiva.
Não estamos dizendo que é fácil, mas se algo te tocou e gerou raiva, é porque existe algo que você está tendo oportunidade de aprender com a situação.
O que, no que o outro está dizendo, me incomoda tanto? Será que ele teve a intenção de me magoar? Ou será que ele encostou numa ferida que é minha? Se sim, por que essa ferida ainda dói? Porque dá raiva quando alguém diz “você poderia se cuidar melhor”? Talvez possa dar a entender que todo o esforço que estamos fazendo não está sendo o suficiente? Mas porque a opinião do outro nos gera raiva? Será que lá no fundo concordamos que precisamos mudar algumas coisas e nos sentimos culpados?
As pessoas podem estar em um nível de consciência sobre um determinado assunto. Como vivemos o assunto diabetes 24/7, é um assunto que dominamos à fundo, mas nem todo mundo tem como saber tudo que a gente sabe. Entender isso pode nos ajudar a ter paciência de explicar e aproveitar para esclarecer alguém que no futuro poderá encontrar outra pessoa com diabetes e poderá ter um comportamento diferente graças à sua explicação.
As vezes é preciso ter cuidado.
Portanto, pode haver uma falta de conscientização. Mas além disso, pode haver algum tipo de resistência pessoal. Por exemplo, uma pessoa que cresceu acima do peso, que sempre ouvia que o bom era ser magra, ela mesma pode ter preconceitos com pessoas acima do peso, sem nem perceber. Aquele assunto pode ainda não estar muito bem resolvido com ela, e ela acaba colocando isso para fora nos outros.
Por fim, existe também circunstâncias mais extremas em que as pessoas só querem causar, promovendo o ódio. Em que temos que tomar muito cuidado, pois podemos ficar em um confronto direto. Converse com pessoas da sua confiança sobre o que está acontecendo. Você não precisa lidar com tudo isso sozinho.
Você não está sozinho!
Conte com grupos de amigos que te escutem com carinho, que possam ouvir sem tantos julgamentos e até te falar com carinho as opiniões deles. Ter um grupo no qual você se sinta acolhido pode ajudar a lidar com as diferenças.
Caso você se sinta muito triste e decepcionado, procure ajuda, converse com seus familiares, amigos e equipe médica.
Abra espaços.
Seja grato por ter a consciência de que a forma que falamos pode ser violenta à uma outra pessoa. Promova espaços de debates abertos para aumentar a conscientização da descriminação.
Não se culpe. Fale dos seus sentimentos.
Lembre-se que tudo é muito particular. Que não existe receita, nem a forma mais correta de lidar com a sua raiva. Ela é sua, e algo ela tem para te dizer sobre você mesmo. É normal se sentir assim. Mas pode ser que isso te prejudique ou te mantenha preso à alguma situação. Não tenha vergonha de sentir raiva nem de procurar ajuda profissional.
Vamos juntos?
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Puxa vida! Eu passei por uma situação dessas, estava na fila do banco e uma pessoa viu minha bomba de insulina, ficou todo entusiasmado dizendo que eu deveria tomar o chá de insulina, eu quis voar no pescoço dele, mas eu só disse que este chá não tem nada haver com controlar as taxas de glicemia, ele ficou inconformado e eu reafirmei minha opinião sobre O chá e a complexidade do controle do diabetes. Cortei o papo. Muito chato.