A Síndrome dos Ovários Policísticos não é uma condição incomum e atinge até 10% das pessoas com útero, de acordo com o Ministério da Saúde. Segundo a endocrinologista Karine Risério, a SOP é o distúrbio endócrino mais comum na idade reprodutiva, sendo as principais características a presença de hiperandrogenismo (aumento os hormônios masculinos na mulher) e anovulação crônica (ausência da ovulação).
Muitas pessoas acabam confundindo a SOP com o cisto no ovário, contudo, o que difere as duas condições é o tamanho e a quantidade de cistos. A síndrome dos ovários policísticos pode surgir desde a primeira menstruação, ou seja, ainda na adolescência, de acordo com a endocrinologista.
“No entanto, o diagnóstico pode ser ainda mais desafiador nesta fase já que os sintomas e sinais que definem a SOP frequentemente se sobrepõem aos que ocorrem na puberdade normal”, afirma.
Leia mais: Como o diabetes pode ser afetado pelas doenças renais crônicas
Causas da Síndrome dos Ovários Policísticos
Segundo a endocrinologista, a síndrome dos ovários policísticos é causada de forma multifatorial e envolve diversos fatores genéticos e epigenéticos. “Distúrbios endócrinos hereditários, como o hiperandrogenismo, a resistência à insulina e o diabetes mellitus tipo 2, e fatores ambientais (dieta e atividade física).”
Sintomas
- Irregularidade menstrual;
- Anovulação (ausência da menstruação por mais de 90 dias ou menos de 9 ciclos menstruais no ano);
- Sinais de hiperandrogenismo como hisrutismo (aumento de pelos nas mulheres em locais comuns aos homens);
- Acne;
- Pele oleosa;
- Queda de cabelo;
- Sinais de virilização, como o aumento do clitóris;
- Alopecia androgênica;
- Obesidade;
- Acantose nigricans (resistência insulínica clínica).
Tratamentos da Síndrome dos Ovários Policísticos
“O tratamento da SOP envolve necessariamente a mudança de estilo de vida: perda de peso nos casos de sobrepeso e obesidade, cessação do tabagismo e do uso abusivo de álcool, prática de atividade física regular e alimentação saudável”, conta Karine Risério.
Além disso, uso de contraceptivos orais combinados ou não ao uso de metformina, bem como medicações antiandrogênicas que também podem ser usadas como parte do tratamento.
SOP tem relação com o diabetes?
Sim. Risério conta que a síndrome dos ovários policísticos é um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, já que há aumento da resistência insulínica e hiperinsulinemia (excesso de insulina no corpo) compensatória.
Síndrome dos ovários policísticos tem cura?
Não. A endocrinologista ressalta que é uma condição crônica e, por isso, não tem cura. “O tratamento objetiva a melhora dos sintomas.”
Pessoas com SOP podem engravidar? É genético?
“A SOP é considerada uma importante causa de infertilidade, porém mulheres com SOP podem engravidar principalmente após o início adequado do tratamento”, ressalta Risério.
Por fim, a endocrinologista explica que a SOP pode, sim, ter fator genético. Mas para além disso, ela também é influenciada por fatores epigenéticos e ambientais. “Desreguladores endócrinos, estresse, dieta rica em gordura saturada, a presença de resistência insulínica, obesidade e resistência insulínica possam contribuir para o maior risco de desenvolver SOP.”
Referências
Sadeghi HM, Adeli I, Calina D, Docea AO, Mousavi T, Daniali M, Nikfar S, Tsatsakis A, Abdollahi M. Polycystic Ovary Syndrome: A Comprehensive Review of Pathogenesis, Management, and Drug Repurposing. Int J Mol Sci. 2022 Jan 6;23(2):583. doi: 10.3390/ijms23020583. PMID: 35054768; PMCID: PMC8775814.
Brasil. Ministério da Saúde, 2020. Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias e Inovação em Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Síndrome de Ovários Policísticos. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_terapeuticas _ovarios_policisticos.pdf
Síndrome dos ovários policísticos. 3a ed. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2023.
Achei foda demais